por Herley Leite de Paula e Silva
Introdução
Raymond A. Moody Jr. nasceu em Porterdale, Geórgia, nos Estados Unidos. Ele é médico psiquiatra e obteve o doutorado em Psicologia e em Filosofia. É um dos principais pesquisadores das Experiências de Quase-Morte (EQM), que é o assunto a ser analisado agora. Suas obras foram uma notável contribuição para o tema da vida após a morte.
Vamos analisar alguns pontos principais da experiência de quase-morte que são: a dificuldade em exprimir a experiência com palavras, a experiência de escutar os outros dizerem que você morreu, a sensação de paz e tranquilidade, o barulho estranho, a passagem escura, a sensação de sair do próprio corpo, o encontro com espíritos de pessoas que morreram, o encontro com um ser de luz, a recapitulação do passado e a visão de uma barreira.
A dificuldade em exprimir com palavras
Diz Moody sobre a inefabilidade da experiência de quase-morte:
A compreensão geral que temos da linguagem depende da existência de uma grande comunidade de experiências comuns da qual quase todos participamos. Esse fato cria uma grande dificuldade, que complica todas as discussões que se seguem. Os eventos vivenciados por aqueles que estiveram próximos da morte estão fora da nossa comunidade de experiências, por isso bem se poderia esperar que eles tivessem certas dificuldades linguísticas ao expressar o que lhes sucedeu. Com efeito, é isso precisamente o que acontece. As pessoas em questão unanimemente caracterizam suas experiências como inefáveis, isto é, "inexprimíveis" (Moody, 1979, p. 31, 32).
Segundo Moody, então, não há ferramentas apropriadas de linguagem para descrever o que se passa em uma experiência de quase-morte, por se tratar de um acontecimento que desafia nossas percepções normais da vida cotidiana.
Escutando dizerem que morreu
Nas experiências de quase-morte, os pacientes que estão morrendo ouvem os médicos dizerem que os estão perdendo. Eles conseguem ouvir os médicos conversando sobre os procedimentos do tratamento. E também conseguem escutar os familiares que estão no hospital. Eles ouvem até mesmo os transeuntes dizerem que o paciente está morto (Moody, 1979, p. 32, 33).
A sensação de paz e tranquilidade
Durante a crise de quase-morte, os sentimentos iniciais são agradáveis. Alguns reportam uma dor inicial, que logo desaparece totalmente. Os pacientes podem sentir algo parecido com o calor. E também há sensações de paz, tranquilidade e alívio (Moody, 1979, p. 34).
O barulho estranho
Diz Moody sobre o ruído ouvido na experiência:
Várias sensações auditivas pouco comuns são relatadas em muitos casos como ocorrências na morte ou perto dela. Às vezes algumas delas são extremamente desagradáveis. Um homem que "morreu" durante vinte minutos no decorrer de uma operação abdominal descreve "um zumbido muito ruim vindo de dentro da minha cabeça. Aquilo fez sentir-me muito mal... Nunca vou esquecer aquele zumbido". Outra mulher conta como ao perder a consciência ouviu "um barulho de campainha alto. Podia ser descrito como um zumbido. E eu estava num estado de redemoinho". Já ouvi também esse ruído perturbador ser descrito como uma batida, um estouro, um trovejar, bem como um som "de assobio, como o vento" (Moody, 1979, p. 35).
Os pacientes costumam relatar certos ruídos durante a experiência de quase-morte. Eles se assemelham a zumbidos, som de campainha, assobios ou outros sons.
A passagem escura
Em seus relatos, alguns pacientes se sentem puxados para uma área escura. Outros descrevem essa área como uma caverna, um túnel ou um buraco. Também é semelhante a um vale escuro. Pode-se ouvir um ruído e depois cair em um lugar fundo e trevoso. Esse lugar se parece com um vácuo, ou vazio escuro, onde tudo ocorre muito rápido. Lá não se pode ver nada, mas é agradável. Há uma sensação de paz e tranquilidade no túnel (Moody, 1979, p. 36-38).
A sensação de sair do próprio corpo
Na experiência de quase-morte, o paciente olha de longe para seu próprio corpo físico. Pode-se também observar o quarto à distância. Há uma sensação de leveza. A pessoa se sente saindo do corpo e subindo devagar para cima. O paciente pode ver corpo deitado no leito e consegue ver os médicos.
Há um sentimento de confusão por estar fora do corpo e o paciente manifesta um desejo de voltar para ele, mostrando-se preocupado com o próprio corpo. Outros já não se importam mais com o corpo físico. Leva um tempo para a pessoa perceber que morreu. Há um sentimento de perturbação e o paciente resiste à ideia de morrer.
A pessoa tem o sentimento de ser uma consciência incorpórea e, ao mesmo tempo, de estar em um novo corpo, que é o corpo espiritual. O paciente tenta falar com os vivos, mas ninguém o escuta. Ele se tornou invisível para os encarnados. E, com o corpo espiritual, ele consegue atravessar paredes, mas não pode mais tocar os objetos. O paciente não sente mais o próprio peso. A locomoção de um lugar para outro é instantânea.
O corpo espiritual revela uma forma. Alguns o descrevem como uma nuvem colorida. Outros o acham difícil de descrever, preferindo dizer que é uma estrutura de energia. Porém, outros dizem que é um corpo com forma humana. Há um sentimento de estar fora do tempo e do espaço. O pensamento se torna mais veloz. A mente consegue explicar tudo e se torna muito clara. A pessoa consegue ver e ouvir, mas não se trata de vozes físicas, e sim, a percepção de pensamentos. Há uma sensação de solidão, porém os espíritos de pessoas que morreram antes, vêm para ajudar (Moody, 1979, p. 39-58).
O encontro com espíritos de pessoas que morreram
Durante a experiência de quase-morte, o paciente encontra outros seres espirituais. Eles o ajudam em sua passagem. Pode-se ver um grande grupo de parentes e amigos desencarnados. Há uma sensação de felicidade e uma visão de luz e beleza. Também se percebe a presença de amigos falecidos, que fazem companhia ao paciente. Outras presenças são de espíritos guias, ou auxiliares espirituais. Eles geralmente dizem que a pessoa precisa voltar para sua vida física (Moody, 1979, p. 59-61).
O encontro com um ser de luz
De grande importância é o encontro com uma grande luz brilhante que, no entanto, não é ofuscante. Trata-se de um ser pessoal de luz que dedica amor e aceitação. E os pacientes se sentem irresistivelmente atraídos por essa entidade. A identificação do ser de luz varia de acordo com a religião da pessoa. Uns o veem como Cristo e outros, como um anjo. A comunicação com ele é telepática. E a luz pergunta se você está pronto para morrer e pede que você reflita sobre sua vida (Moody, 1979, p. 62-67).
A recapitulação do passado
Na experiência com a luz, ocorre uma recapitulação da vida. O objetivo é levar à reflexão. Ela se dá como uma lembrança muito rápida e em ordem temporal. Tudo aparece simultaneamente, através de imagens bastante vívidas e coloridas. As emoções são novamente vivenciadas. A recapitulação e dirigida pelo ser de luz, com objetivo educativo, porém sem qualquer crítica. A luz diz que é preciso aprender a amar as pessoas e aprender com os erros. Surge também um desejo de conhecimento e progresso (Moody, 1979, p. 67-75).
A visão de uma barreira
Num certo momento da experiência, os pacientes veem um limite ou barreira. Parece surgir uma espécie de névoa cinza ou de cerca. Alguns veem um campo verdejante. Outros têm a experiência de navegar em um barco no rio e ver os parentes falecidos na outra margem. O ambiente tem uma luz dourada e podem ser vistas construções. Então, um espírito vem e diz que a missão do paciente ainda não terminou e que ele precisa voltar para a vida (Moody, 1979, p. 76-80).
Referências
Moody Jr., Raymond A. Vida depois da Vida. Tradução: Rodolfo Azzi. Rio de Janeiro: Editorial Nórdica, 1979.