domingo, 5 de janeiro de 2025

Considerações sobre a Reencarnação

por Herley Leite de Paula e Silva

Introdução

Este assunto também já foi tratado em Paula e Silva (2024, p. 69-73), no meu primeiro livro. Porém, ele é necessário para o contexto desta obra e vou tratá-lo de modo conciso, citando novos autores.

Vamos tratar sobre o processo de reencarnação, as motivações para uma nova vida, as evidências da reencarnação e a lei do carma.

O processo da reencarnação

A primeira encarnação se deu quando a consciência se identificou com as possibilidades quânticas da primeira célula viva. Quando isso ocorreu, as possibilidades do nosso universo físico sofreram colapso quântico de forma retroativa, desde o Big Bang até a primeira célula. Assim, nosso universo se tornou “real”.

O espírito individual que se identificou com a célula viva provinha do domínio transcendente da consciência coletiva. Antes de iniciarem sua vida física, as mentes individuais estavam identificadas com a consciência primordial.

Após a primeira encarnação, a alma passa por mais alguns renascimentos, se bem que não saibamos quantas vidas o espírito experimenta no mundo físico. E, além disso, também há uma evolução espiritual no domínio transcendente, após a morte.

As motivações para uma nova vida

As motivações para uma nova encarnação podem ser a morte repentina ou violenta, o falecimento na infância e os assuntos inacabados (Stevenson, 2011, p. 330-333).

As conexões emocionais podem fazer com que a alma reencarne em determinada família. Deste modo, a pessoa pode renascer entre pessoas que ele conhecia na vida anterior ou que eram seus parentes (Stevenson, 2011, p. 385).

As evidências da reencarnação

As evidências da reencarnação podem ser assim listadas:

1) A preexistência da consciência individual no domínio transcendente.

2) As regressões hipnóticas a outras vidas, de acordo com os estudos de Wambach (1999, p. 94-125), Moody e Perry (1997, p. 42-53) e Stevenson (2011, p. 81, 82). A hipnose permite que o paciente explore a memória de vidas passadas.

3) A memória de vidas passadas manifestada em crianças, de acordo com os estudos de Stevenson (2011, p. 95).

4) A existência dos gênios, mostrando que eles são espíritos que adquiriram conhecimentos em outras vidas. Muitas vezes eles nascem de pais que não são dotados da genialidade (Goswami, 2005, p. 100, 101).

5) A realidade dos instintos em animais e nos seres humanos. Os instintos não podem ser explicados por mutações aleatórias e eles são transmitidos através do inconsciente coletivo e da reencarnação (Goswami, 2009, p. 269-272).

A lei do carma

De acordo com Stevenson (2011, p. 400-404), os atos de uma vida anterior não determinam se uma pessoa vai nascer rica ou pobre ou doente. Stevenson, então, não aceita a ideia do carma. As consequências de uma vida sobre outra se dariam no desenvolvimento espiritual e no conhecimento, mas não nas condições materiais.

Outros autores, porém, podem ter uma opinião diferente.

Diz Souza sobre o funcionamento da lei do carma:

Entendo o carma como uma lei que busca a compensação, jamais a punição ou a recompensa. Age na compensação de todos os nossos atos, tanto nesta vida como das vidas anteriores.
A lei do carma, em si, é maravilhosa, pois nos impulsiona em direção ao equilíbrio, tanto individual, como coletivo e planetário. Ao entendê-la como lei de compensação, já damos um grande passo, pois retiramos dela o aspecto pesado, que não é verdadeiro.
Ao praticarmos qualquer ação, a lei cármica estará atuando no sentido de gerar equilíbrio, buscando o oposto para que haja compensação.
Na experiência com vidas passadas, percebemos que ao vivenciarmos uma vida de luxúria, noutro momento pode-se vivenciar uma vida beatificada e vice-versa. Experimentamos riqueza e pobreza, poder e submissão e, assim por diante, não necessariamente em ordem sequencial (Souza, 1999, p. 98).

De acordo com Souza, como vimos, a lei do carma não realiza a punição e, sim, promove o equilíbrio. Se agora experimentamos uma vida de pobreza, isso não é uma punição. Ou se agora experimentamos uma vida de riqueza, isso não é uma recompensa. É apenas o trabalho do carma, alternando nossas experiências, com o objetivo de nos fazer adquirir conhecimento.

Mesmo assim, essa posição é diferente daquela exposta por Stevenson, como vimos anteriormente. Segundo Stevenson, a pobreza ou a riqueza não são efeitos de vidas anteriores, nem mesmo como alternância de experiências.

São necessários mais estudos para termos certeza sobre qual explicação é a mais correta.


Referências

Goswami, Amit. A Física da Alma; tradução Marcello Borges – São Paulo: Aleph, 2005.

Goswami, Amit. A evolução criativa das espécies: uma resposta da nova ciência para as limitações da teoria de Darwin. Tradução: Marcello Borges. São Paulo: Aleph, 2009.

Moody, Raymond A., Jr.; Perry, Paul. Investigando Vidas Passadas. Tradução: Mauro de Campos Silva. Editora Cultrix LTDA., São Paulo, SP, 1997.

Souza, José Antonio de. Introdução à Terapia de Vidas Passadas: Guia Prático para Terapeuta e Paciente. São Paulo: Berkana Editora, 1999.

Stevenson, Ian. Crianças que se Lembram de Vidas Passadas. São Paulo: Centro de Estudos Vida & Consciência Editora, 2011.

Wambach, Helen. Recordando Vidas Passadas: Depoimentos de Pessoas Hipnotizadas. São Paulo: Editora Pensamento, 1999.