por Herley Leite de Paula e Silva
Introdução
Neste artigo vou enfatizar alguns pontos que não foram ressaltados no primeiro livro, em Paula e Silva (2024), e vou me basear em outros autores.
A evolução é uma das leis mais importantes da consciência e uma das formas pelas quais as potencialidades do ser são desenvolvidas. Neste texto vamos tratar da evolução biológica, para compreendermos o processo do desenvolvimento dos organismos dos seres vivos encarnados.
O surgimento da vida
O universo surgiu através do Big Bang há quinze bilhões de anos. No princípio havia as potencialidades quânticas de diversos universos possíveis. Essas possibilidades existiam em um domínio transcendente, fora do espaço e do tempo. Após o Big Bang, o universo físico se expandiu e deu origem às galáxias, supernovas e estrelas (Goswami, 2009, p. 105).
Há aproximadamente cinco bilhões de anos surgiu o nosso sistema solar e seus planetas, a partir dos remanescentes de uma supernova. Entre os planetas que surgiram com o sistema solar estava a Terra (Goswami, 2009, p. 107).
O próximo passo da evolução do mundo físico foi o surgimento da vida. A vida surgiu no oceano há cerca de três bilhões de anos. No princípio havia uma atmosfera primitiva formada de carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio. Descargas elétricas se abateram sobre essa atmosfera e produziram os primeiros aminoácidos e os primeiros nucleotídeos. Com o tempo, os aminoácidos evoluíram para as proteínas, e os nucleotídeos para os ácidos nucleicos. E, finalmente, no transcorrer de bilhões de anos, ocorreu a evolução da primeira célula viva (Goswami, 2009, p. 107).
A visão idealista da evolução
Como vimos, antes do Big Bang havia apenas o domínio transcendente quântico, fora do espaço e do tempo, repleto com as possibilidades quânticas de muitos universos. Algumas dessas potencialidades eram favoráveis à vida, mas a maioria não era.
De acordo com o princípio antrópico, as constantes físicas do universo deveriam ser perfeitamente ajustadas para que a vida pudesse surgir. Por exemplo, caso o valor da carga elétrica do elétron fosse um pouco maior ou um pouco menor, as galáxias e os planetas não teriam surgido e a vida não teria sido possível (Goswami, 2009, p. 108, 109).
Em vários artigos deste blog, vimos que a matéria é formada por possibilidades quânticas e somente a consciência pode trazê-las para o chamado mundo real. E a consciência se identificou justamente com a possibilidade de universo que pudesse abrigar os organismos vivos.
Quando em um dos ramos das possibilidades cósmicas dos universos, surge a potencialidade da primeira célula viva, a consciência se identifica com ela e provoca o colapso quântico retroativo do universo em que vivemos. Toda a história cósmica, desde o Big Bang, que existia em possibilidade, tornou-se real (Goswami, 2009, p. 106).
Seria muito improvável que a vida tivesse surgido por acaso. O surgimento aleatório de moléculas de proteína, como a acetilcolina, seria altamente improvável. O mesmo se pode dizer sobre o desenvolvimento das primeiras moléculas de DNA. Somente a consciência, identificada com o conjunto dos aminoácidos e nucleotídeos, poderia levar ao surgimento da primeira célula viva (Goswami, 2009, p. 91, 92).
As etapas da evolução biológica
Goswami descreve como ocorreu a evolução:
A evolução começa com uma célula viva, a primeira que provoca todo o processo. A vida não poderia ter se originado duas vezes; em relação a isso, todos os biólogos concordam. A célula não nucleada torna-se nucleada, depois multicelular, ramificando-se pelos três reinos – fungos, plantas e animais. Cada uma dessas transformações é um gigantesco salto quântico de criatividade. No reino animal, a transformação criativa produz primeiro os invertebrados, depois os vertebrados, começando pelos peixes. Dos peixes vêm os anfíbios, depois os répteis. Estes dão um salto quântico até os ramos das aves e dos mamíferos (Goswami, 2009, p. 182).
Tudo começa com a célula viva. Depois vêm a célula nucleada, o organismo multicelular, os fungos, as plantas e os animais. Os animais se dividem em invertebrados e vertebrados. Os vertebrados originam sucessivamente os peixes, os anfíbios e os répteis. Os répteis criam duas linhas, uma levando às aves e outra aos mamíferos.
As evidências da evolução biológica
Em meu primeiro livro (Paula e Silva, 2024, p. 29 e 30), apresentei as principais evidências da evolução biológica. As provas da evolução podem ser assim enumeradas:
a) A similaridade no funcionamento do código genético;
b) A similaridade no funcionamento das células;
c) A evidência embriológica, em que constatamos a incrível semelhança entre os embriões de humanos, de outros mamíferos, de répteis e de aves.
d) A semelhança das funções fisiológicas, como as organizações das enzimas;
e) A semelhança anatômica ou estrutural entre os seres vivos;
f) Os órgãos vestigiais, como os olhos em peixes cegos;
g) A sequência evolutiva dos fósseis nas camadas geológicas, como as do cavalo e do elefante, entre outros.
As evidências do papel da consciência na evolução
Em Paula e Silva (2024, p. 30-32) apresentei diversas evidências de que a evolução biológica não ocorreu por acaso, algumas das quais vou tratar em seguida. Neste trabalho, vou me concentrar nas seguintes provas da participação da consciência na evolução: A flecha do tempo, a entropia, a pré-adaptação, a co-evolução, os instintos, a complexidade do cérebro e as mutações dirigidas.
Vamos então analisar essas evidências. A primeira é a flecha do tempo da evolução. Com esse conceito queremos dizer que a evolução seguiu um caminho progressivo, do simples para o complexo. E o acaso não pode explicar esse desenvolvimento da vida (Goswami, 2009, p. 33).
A superação da entropia pela vida também é uma evidência do papel da consciência na evolução. A entropia tende a crescer no universo e a desordem tende a superar a ordem. Somente a consciência poderia vencer esse movimento entrópico e realizar o progresso da vida (Goswami, 2009, p. 165; Andrade, 1993a, p. 32-36).
A pré-adaptação é outra prova da ação da consciência. Por esse processo, o ser vivo adquire vantagens evolutivas antes da modificação do ambiente que as torne necessárias. É como se a consciência previsse a futura necessidade do ser (Goswami, 2009, p. 168).
Há também co-evolução, quando duas espécies evoluem juntas. O acaso não pode explicar o perfeito ajuste de uma espécie à outra. Somente a não-localidade quântica e a ação da consciência podem explicar a co-evolução.
Os instintos também são um papel da consciência na evolução. Os instintos são muito complexos para surgirem por acaso, e no esquema teórico do neodarwinismo não há uma explicação para o fato de um comportamento adquirido ser incorporado no código genético. Uma explicação melhor é que os instintos ficam gravados no corpo vital, que veremos mais a seguir (Goswami, 2009, p. 270, 271).
Tratemos agora sobre a complexidade do cérebro. O cérebro é uma das maiores provas de que a evolução biológica não se deu por acaso e sim por ação da consciência. Um órgão como esse não poderia ter surgido como fruto de milhares de mutações aleatórias (Goswami, 2009, p. 224, 225).
Finalmente, foram estudadas as mutações dirigidas que ocorrem com bactérias e também houve estudos que comprovaram a ação de agentes paranormais sobre as mutações genéticas (Goswami, 2009, p. 175, 176; Andrade, 1993b, p. 243-245).
As funções do corpo vital
Além do organismo biológico, há outros corpos mais refinados, que já estudamos no artigo “Os Vários Níveis e Corpos da Consciência”, aqui mesmo neste blog. E um desses corpos sutis é o corpo vital, formado por campos morfogenéticos, que são os responsáveis pelos projetos das formas biológicas e pelos instintos. A consciência utiliza os projetos vitais como um esquema para realizar representações no corpo físico (Goswami, 2009, p. 193).
Algumas evidências da necessidade de um campo vital organizador são as semelhanças de genes de humanos e de animais simples como os ratos. Apenas os genes, então, não explicam a complexidade. Outros fenômenos que o acaso não explica é a diferenciação das células. Por que as células dos diversos órgãos são diferentes se elas vêm do mesmo DNA? Outro motivo que torna necessário um campo organizador é explicar por que a célula assume uma determinada posição no corpo (Goswami, 2009, p. 61, 171).
Os campos morfogenéticos
Rupert Sheldrake é um biólogo britânico, e também parapsicólogo, que desenvolveu a ideia dos campos morfogenéticos. Segundo as hipóteses de Sheldrake, os genes criam as proteínas, mas não a forma do organismo. Os campos morfogenéticos é que são os responsáveis pelo desenvolvimento da forma. Como consequência, a hereditariedade se dá, também, por meio dos campos morfogenéticos (Goswami, 2009, p. 158, 272; Sheldrake, 2012, p. 100, 114).
Alguns biólogos tentam contestar a teoria dos campos genéticos apelando para a ideia dos genes reguladores. Porém, segundo Sheldrake, os genes reguladores, ou Homeobox, não explicam a morfogênese porque eles são muito parecidos em espécies bastante diferentes (Sheldrake, 2012, p. 157).
O processo de evolução dirigido pela consciência
Para concluir, podemos dizer que as mutações genéticas são o resultado do colapso de possibilidades quânticas das moléculas da célula. E isto está plenamente de acordo com o fato de que todos os elementos da matéria física são constituídos de potencialidades quânticas, e isso inclui as moléculas da célula viva. E nós já vimos que somente a consciência pode trazer as possibilidades quânticas para a realidade. O colapso quântico, que leva às mutações, só pode ser feito pela consciência encarnada do ser vivo. Além disso, as moléculas como as proteínas e os ácidos nucleicos são complexas demais para se desenvolverem de forma aleatória (Goswami, 2009, p. 154, 166, 167).
O corpo vital e o inconsciente coletivo guardam a memória das transformações biológicas que ocorreram durante milhões de anos. O corpo vital possui um aspecto universal, ou coletivo, relacionado à determinada espécie, e um aspecto individual, ligado ao ser vivo. A memória liga à história biológica da espécie, bem como os projetos vitais para novas transformações, são recebidos pelo ser individual através de uma conexão quântica não-local com os campos morfogenéticos coletivos. E essa transferência de informações biológicas também se dá através da reencarnação.
A evolução pode ser vista como a combinação da seleção natural, do esporear da necessidade, dos potenciais do corpo vital e das escolhas feitas pela consciência entre as possibilidades quânticas (Goswami, 2009, p. 179).
Referências
Andrade, Hernani Guimarães. Morte-Renascimento-Evolução: Uma Biologia Transcendental. São Paulo: Editora Pensamento, 1993a.
Andrade, Hernani Guimarães. Psi Quântico: Uma Extensão dos Conceitos Quânticos e Atômicos à Ideia do Espírito. São Paulo: Editora Pensamento, 1993b.
Goswami, Amit. A evolução criativa das espécies: uma resposta da nova ciência para as limitações da teoria de Darwin. Tradução: Marcello Borges. São Paulo: Aleph, 2009.
Sheldrake, Rupert. The Presence of the Past: Morphic Resonance and the Memory of Nature. Rochester, Vermont: Park Street Press, 2012.
Paula e Silva, Herley Leite. O Místico Idealista. Não publicado. Curitiba, 2024.