sábado, 14 de outubro de 2017

O Estudo dos Fenômenos Paranormais ao longo do Tempo


Por Herley Leite de Paula e Silva

Introdução
 
De acordo com Andrade (1997, p. 33-37), fenômenos paranormais como a comunicação entre vivos e mortos sempre existiram. Eles ocorrem desde os tempos do homem do período Paleolítico, através do xamanismo e da aparição de espíritos, e tiveram muitos nomes ao longo da história. A atividade paranormal esteve presente praticamente em todos os territórios e culturas.

O Espiritualismo
 
Na Europa Ocidental os fenômenos de comunicação com os mortos passaram a ser estudados com o nome de espiritualismo. Segundo Andrade (1997, p. 110, 111), o espiritualismo teve, entre outros precursores, Emanuel Swedenborg, que nasceu no século XVII e já conhecia o esboço quase completo dos ensinamentos espiritualistas. Mas a forma global do espiritualismo com características científicas, filosóficas e religiosas começou no século XIX.

Em diversos países como Estados Unidos, Inglaterra, França e Itália surgiram escritores e pesquisadores que trouxeram notáveis contribuições para a comunicação transcendental.

Segundo Andrade (1997, p. 112-114), nos Estados Unidos, Andrew Jackson Davis trouxe grandes contribuições para o conhecimento espiritualista.

Na Inglaterra, Moses (1989, p. 92-102), recebeu mensagens mediunicamente inspiradas pelo espírito Imperator. Também na Inglaterra, Owen (1998, p. 49-53) escreveu mediunicamente diversas mensagens que ele recebeu a partir de 1913.

Segundo Bozzano (1996, p. 164-166), muitas outras coleções de revelações transcendentais foram psicografadas na Inglaterra.

De acordo com Andrade (1997, p. 135-137) na França (no século XIX), Allan Kardec reuniu e estudou as mensagens recebidas por vários médiuns. Segundo Doyle (2013), Kardec passou a utilizar o termo Espiritismo para distinguir sua doutrina do pensamento espiritualista.

O surgimento da Metapsíquica
 
A Ciência também passou a estudar os fenômenos paranormais no século XIX, através de uma nova disciplina chamada Metapsíquica. Segundo Doyle (2013), grandes nomes se destacaram nessa área como Charles Richet, Gustave Geley, Ernesto Bozzano, Alexandre Aksakof, Willian Crookes e Gabriel Delanne. Todos os nomes citados, com exceção de Richet, aceitaram a realidade da comunicação entre vivos e mortos.

Segundo Bozzano (2007, p. 09), os fenômenos paranormais que ocorrem apenas entre vivos foram chamados pela Metapsíquica de anímicos e os fenômenos de comunicação com os mortos foram chamados de espiríticos.

A Parapsicologia
 
Segundo Pires (1982, p. 31), em 1930 nasce a Parapsicologia com o Prof. Joseph Banks Rhine. Nesse momento, os fenômenos paranormais ganharam mais atenção dos cientistas. Laboratórios de parapsicologia foram abertos, como o da Universidade de Duke. Os estudos se concentraram inicialmente em fenômenos anímicos como a telepatia, a clarividência e a precognição.

A Transcomunicação Instrumental
 
De acordo com Pires (1982, p. 105) em 1959, na Suécia, nascem os estudos da Transcomunicação Instrumental (ou comunicação com os espíritos através de dispositivos de gravação) com Friedrich Juergenson, que utilizou gravadores para gravar as vozes dos mortos. Desta pesquisa nasceu sua obra Telefone para o Além. Segundo Andrade (1997, p. 15), este método foi aperfeiçoado por Konstantin Raudive, um cientista alemão, que realizou 72.000 gravações de vozes dos espíritos. E hoje, na Europa, há diversos grupos formados por pesquisadores que estudam a Transcomunicação Instrumental.

Os estudos sobre a reencarnação
 
Segundo Pires (1982, p. 93-102) também foi importante o estudo sobre a Memória Extra-Cerebral realizado por Ian Stevenson a partir dos anos 1960. Esses estudos, segundo Stevenson (1970), constituem evidência da reencarnação e comprovam a memória consciente de uma vida passada em crianças entre dois e dez anos, com persistência por vários anos, além de fobias, habilidades e marcas de nascença provenientes da outra vida.

A Experiência de Quase-Morte (EQM)
 
Segundo Andrade (1993, p. 91-93), o Dr. Raymond Moody Jr. foi um dos pioneiros nas pesquisas acerca da Experiência de Quase Morte (EQM) na década de 1970. Neste fenômeno a pessoa tem morte clínica e depois é ressuscitada. Após a ressuscitação, o paciente relata uma série de experiências que teve no período em que esteve “morto”. Entre elas estão a experiência fora do corpo e a comunicação com almas desencarnadas.

Conclusão
 
Os fenômenos paranormais dos vivos e dos “mortos” foram bastante estudados por escolas místicas ao longo dos séculos. A experiência de quase morte, que ocorre quando uma pessoa é ressuscitada e conta o que viu, aparece na literatura mística. Os fenômenos de experiência fora do corpo (quando o corpo vital se desacopla temporariamente do corpo físico), assombração, possessão por espíritos e incorporação mediúnica também são explicados nos livros de diversas religiões.

Acredito que a pesquisa dos fenômenos paranormais é importante porque contribui para o nosso conhecimento sobre a natureza humana e a vida após a morte.


 

Referências

Andrade, Hernani Guimarães. Morte-Renascimento-Evolução: uma biologia transcendental. São Paulo: Editora Pensamento, 1993.

Andrade, Hernani Guimarães. A Transcomunicação Através dos Tempos. São Paulo: Editora Jornalística Fé, 1997.

Bozzano, Ernesto. A Crise da Morte. Tradução: Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, 1996.

Bozzano, Ernesto. Animismo ou Espiritismo? Tradução: Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2007.

Doyle, Arthur Conan, Sir. A História do Espiritualismo: De Swedenborg ao início do século XX. Tradução: José Carlos da Silva Silveira. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2013.

Moses, William Stainton. Ensinos Espiritualistas. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1989.

Owen, George. Vale. A Vida Além do Véu: as regiões inferiores do céu. Tradução: Carlos Imbassahy. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1998.

Pires, José Herculano. Parapsicologia Hoje e Amanhã. São Paulo: EDICEL, 1982.

Stevenson, Ian. Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação. São Paulo: Editora Difusora Cultural, 1970.