terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A Não Dualidade da Consciência


por Herley Leite de Paula e Silva

Introdução
 
Segundo Goswami (2005, p. 42, 43), a consciência em seus diversos aspectos não realiza troca de energia com uma matéria inerentemente existente. A matéria não existe como fenômeno até que a consciência escolha uma faceta das ondas de possibilidade.

Sobre o dualismo
 
Existe algum dualismo implicado aqui? De modo algum, de acordo com Goswami (2007, p. 28, 72). A consciência atribui significado às ondas de possibilidade para formar o corpo físico. Essa interação se dá pela correlação não-local e colapso quântico, pelo qual a alma escolhe uma das faces das ondas de possibilidade. Assim, não é uma ação do espírito sobre uma hipotética matéria real e completa. A matéria física não existe até que a consciência interaja com suas possibilidades. No final, tudo é a consciência.

A separação sujeito-objeto
 
Segundo Goswami (2005, p. 45, 63, 64) no princípio, a consciência, antes de começar a realizar colapsos quânticos e outras designações, não tinha a ilusão do mundo separado em sujeito e objeto. Nos mundos manifestados (sutis ou físicos) existe o sujeito aparentemente separado dos objetos. O sujeito é a consciência perceptiva e comanda diversas potencialidades e funções mentais; ele não pode ser confundido com os aparentes objetos.

Os objetos como possibilidades quânticas
 
Já os objetos são o resultado do colapso das ondas de possibilidade feito pela consciência. Os objetos, como entidades separadas da alma, têm uma existência apenas aparente. Para a percepção, a consciência fornece o significado do objeto e projeta a ilusão de sua existência. A alma utiliza sua memória como base para suas escolhas dentre as ondas de possibilidade da matéria física.

A relação sujeito-objeto no mundo sutil ou espiritual
 
Em todas as instâncias inferiores da consciência (mente onírica e mente desperta) existe uma ilusão da separação sujeito-objeto. No mundo físico ela atinge um estágio máximo, mas no mundo espiritual, segundo Bozzano (1991, p. 47, 204), ainda existe uma sutil relação sujeito-objeto.

A ilusão dos objetos no mundo físico e no mundo sutil (espiritual) não é tão diferente da ilusão do mundo dos sonhos. Nos sonhos também existe uma aparente realidade de objetos oníricos, assim como existe essa projeção no mundo sutil. Mas tanto no mundo físico, como no mundo dos sonhos e na dimensão transcendente, os objetos aparentes são apenas projeções da alma. Eles são projetados à medida que a consciência atribui significado aos seus potenciais.


Referências

Bozzano, Ernesto. A Crise da Morte: O que se sente no momento da passagem? O primeiro contato com a nova dimensão: eterna juventude e felicidade no além. Tradução: Pier Luigi Cabra. São Paulo: Maltese, 1991. 

Goswami, Amit. A Física da Alma. Tradução: Marcello Borges. São Paulo: Aleph, 2005.

Goswami, Amit. O Universo Autoconsciente: como a consciência cria o mundo material. Tradução: Ruy Jungmann. São Paulo: Aleph, 2007.