sábado, 16 de setembro de 2017

Essas Vozes são Mesmo dos Desencarnados?


por Herley Leite de Paula e Silva

Introdução
 
Este artigo se propõe a analisar os argumentos contrários à Transcomunicação Instrumental. Os críticos costumam afirmar que os fenômenos da transcomunicação se explicam por ilusão auditiva, movimentos inconscientes das cordas vocais, captação de emissoras de rádio, fraude e pelo inconsciente do operador ou de algum médium. Porém, como ficará demonstrado, essas objeções não se sustentam, e a transcomunicação instrumental consiste em comunicações de espíritos desencarnados com os vivos.

A tese da ilusão auditiva
 
Vamos analisar a primeira objeção, ou seja, de que a transcomunicação seria produto de ilusão auditiva.

De acordo com Juergenson (1972, p. 110), as vozes poderiam ser fruto da imaginação se fossem expressões fracas. Durante a audição de seis mil gravações Juergenson se enganou na interpretação de algumas vozes.
Porém, descontando as gravações de difícil compreensão, ainda resta um terço de gravações muito claras que não deixam qualquer margem de dúvida. Qualquer pessoa poderia entender essas comunicações. Juergenson fez um teste pedindo que vários ouvintes tentassem entender muitas das gravações. Como resultado, oitenta por cento dos indivíduos conseguiram ouvir e entender as vozes.

Segundo Andrade (1993, p. 103) em algumas gravações as vozes são fracas, dando margem a entendimentos incertos. Assim, alguém poderia pensar que o experimentador está alterando o sentido das gravações e impondo suas próprias convicções. No entanto, há uma grande quantidade de vozes que são bem claras, audíveis e prontamente compreendidas. Em muitos casos, pode-se até reconhecer o timbre de voz do espírito comunicante.

A tese dos movimentos inconscientes das cordas vocais
 
Existe outra objeção em que os críticos tentam explicar a transcomunicação através de movimentos inconscientes mínimos das cordas vocais, que são gravados por um aparelho.

Brune (1994, p. 88, 89) analisa a objeção, segundo a qual, o operador emitiria sons inaudíveis que podem ser gravados por um dispositivo. No entanto, ele rebate essa tese dizendo que foram feitos experimentos em que o microfone e o equipamento de gravação foram colocados em câmaras a vácuo. Os supostos sons inconscientes não poderiam se propagar pelo vácuo, pois eles só se propagam pelo ar. E, mesmo assim, houve gravação das vozes, o que mostra que elas não estavam sendo produzidas pelo operador.

A objeção da captação acidental de emissoras de rádio
 
O terceiro argumento dos críticos supõe que a transcomunicação se explica através da captação acidental de emissoras de rádio.

Juergenson (1972, p. 113, 114) diz que os espíritos dos mortos, levando em conta nossa descrença, criaram um meio de comunicação diferente de qualquer transmissão de rádio. Para isto eles introduzem nas gravações palavras de diversas línguas, as quais não poderiam ter sido ditas pelos participantes do programa de rádio.
Em nenhuma estação radiofônica um cantor ou locutor usaria tantos idiomas misturados e ao mesmo tempo. Se os mortos falassem apenas as línguas dos ouvintes ficaria mais difícil provar que as vozes vêm de outro plano.

Andrade (1993, p. 103), rebate o argumento da captação acidental de emissoras de rádio, dizendo que as mensagens aparecem com a mistura de palavras de vários idiomas, e também que há conversas entre os espíritos e os experimentadores.

As vozes que se manifestam nos gravadores não são simples captações de emissoras de rádio terrestres. Além das razões mostradas acima, podemos acrescentar que todas as frases contém uma modificação do nome dos experimentadores. Qual emissora comum pronunciaria o nome do pesquisador o tempo todo? Além disso, as frases são compostas de vários diferentes idiomas.

O argumento da fraude
 
Os críticos também costumam dizer que os fenômenos da transcomunicação constituem fraude.

Andrade (1993, p. 104) diz que a transcomunicação não se explica por fraudes, pela ação de pessoas que desejam impor uma religião ou pela ação de alguém tentando ganhar dinheiro com os fenômenos. Uma das razões disto é que qualquer operador pode repetir o fenômeno, não importando suas convicções ou conhecimento. Além disto, os fenômenos da transcomunicação não geram lucro para ninguém.

A tese da ação do inconsciente dos pesquisadores
 
Vamos tratar da quinta objeção, ou seja, de que os fenômenos da transcomunicação são produzidos pelo inconsciente do pesquisador ou pela ação dos médiuns.

Juergenson (1972, p. 112) afirma que, se seu subconsciente pudesse produzir as vozes dos mortos, ele seria o maior dos gênios. Com seu inconsciente ele poderia gerar uma estação de rádio com sons, músicas e discursos, imitando várias línguas. Além disso, também imitaria as vozes de homens, mulheres, crianças e idosos, inclusive de pessoas que ele nunca conheceu. E o mais incrível é que o inconsciente de Juergenson poderia pegar as ondas das transmissões de qualquer estação de rádio, interferir nelas e modificá-las para produzir outros programas. Seria um milagre que nem a mais poderosa emissora poderia realizar.

Andrade (1993, p. 104, 105) comenta a hipótese da psicocinésia, segundo a qual, o inconsciente do operador supostamente grava as vozes nas fitas. E ele rebate essa objeção dizendo que os fatos desmentem uma psicocinesia tão poderosa e tão frequente. A realidade é que os fenômenos de psicocinesia são muito difíceis de se realizar em laboratórios. Assim, dificilmente o inconsciente dos experimentadores da transcomunicação teria tanto poder psicocinético. O autor também afirma que se a explicação fosse pelo inconsciente, as fitas não precisariam rodar nos gravadores e não seria necessário ficar sintonizando estações de rádio. Se o inconsciente fosse a causa dos fenômenos ele poderia usar meios mais simples e não ficar interferindo nas ondas de rádio das estações.

A tese da ação do inconsciente dos médiuns
 
Os céticos e alguns religiosos costumam dizer que a transcomunicação instrumental é um fenômeno mediúnico e que todos os fenômenos do espiritualismo são produzidos pelo inconsciente do médium. Ora, no artigo Evidências da Comunicação entre Vivos e Mortos, neste blog, foi demonstrado que a incorporação mediúnica não é explicada pelo inconsciente. De qualquer modo, porém, a transcomunicação instrumental não é um fenômeno de incorporação mediúnica.

Andrade (1997, p. 13-16) analisa a questão de serem ou não os fenômenos da transcomunicação produzidos por médiuns. Ele diz que as comunicações eletrônicas de espíritos não precisam de um mediador humano. O processo de emissão e recepção funciona como uma transmissão de rádio. Existe uma estação de rádio no plano espiritual que transmite as comunicações à Terra. Neste caso, os aparelhos receptores recebem as comunicações e dispensam os médiuns humanos. Porém, ele também diz que são necessárias pessoas que servem como facilitadoras dos fenômenos de transcomunicação. O que não significa que elas sejam médiuns. Neste caso, os facilitadores, e outras pessoas, doam a energia necessária para a viabilização dos fenômenos. Contudo, a ação desses doadores de energia é bem diferente do fenômeno da incorporação mediúnica, em que o espírito utiliza o organismo do indivíduo.

Outros autores veem ainda menos necessidade da contribuição dos vivos.

Segundo Brune (1994, p. 89) a tese de que o experimentador produz sons através do ectoplasma não se sustenta, pois os médiuns que produzem ectoplasma são muito raros, enquanto há milhares de pesquisadores em transcomunicação pelo mundo.

Rinaldi (2005, p. 40) diz que se a transcomunicação dependesse de dons mediúnicos não haveria centenas de pessoas obtendo resultados em todo o mundo.

Alguns críticos afirmam que a transcomunicação só ocorre se o pesquisador estiver próximo do aparelho de gravação, o que indicaria que se trata de seu inconsciente.

No entanto, Brune (1994, p. 99, 100) afirma que a presença do experimentador não é indispensável para os fenômenos. Ele narra a experiência de Hildegard Schäfer em que ela gravou vozes com seu gravador mesmo tendo saído do local onde o dispositivo estava instalado e ligado. Alfred Kroll também deixava o gravador funcionando em uma parte da casa e ia trabalhar em outra parte do imóvel, longe do dispositivo. Mesmo assim, as vozes apareciam. José Maria Pérez Latorre afirmava que a transcomunicação só ocorreria se o experimentador se mantivesse a uma distância máxima de cem metros do dispositivo. No entanto, já houve gravações feitas enquanto os pesquisadores estavam a vários quilômetros de distância dos dispositivos de gravação.

Acredito que estas considerações tenham ajudado a demonstrar que a Transcomunicação Instrumental é um fenômeno produzido pelos espíritos de pessoas falecidas.


 

Referências

Andrade, Hernani Guimarães. A Transcomunicação Através dos Tempos. São Paulo: Editora Jornalística Fé, 1997.

Andrade, Hernani Guimarães. Morte-Renascimento-Evolução; São Paulo: Editora Pensamento, 1993.

Brune, François. Chauvin, Rémy. Linha Direta do Além: Transcomunicação Instrumental: Realidade ou Utopia? Tradutora: Arlete Galvão de Queiroz. Sobradinho, DF. EDICEL. 1994.

Juergenson, Friedrich. Telefone para o Além. Tradução de Else Kohlbach. Editora Civilização Brasileira S.A. Rio de Janeiro, 1972.

Rinaldi, Sonia. Contatos Interdimensionais: Uma investigação científica do fenômeno das vozes e imagens eletrônicas vindas do Além. São Paulo: Editora Pensamento, 2005.