quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Gravando o Inaudível


por Herley Leite de Paula e Silva

Introdução

A Transcomunicação Instrumental é um ramo do conhecimento, surgido em meados do século XX, que consiste no contato com os espíritos de pessoas já falecidas, através de meios eletrônicos.

Friedrich Juergenson foi o fundador da moderna Transcomunicação Instrumental. Sobre o trabalho de Juergenson, você pode encontrar informações no artigo O Nascimento da Moderna Transcomunicação Instrumental, aqui mesmo neste blog.

Konstantin Raudive foi um pesquisador da Transcomunicação assim como Juergenson. Ele escreveu o livro Unhörbares Wird Hörbar (Inaudível torna-se Audível) em 1968. Em seu trabalho como parapsicólogo, o Dr. Raudive gravou mais de 70.000 vozes dos espíritos dos mortos e muitas delas estão no livro acima mencionado.

As posições religiosas e éticas dos espíritos

Raudive (1968, p. 169, 170) descreve expressões em que os mortos afirmam ver Jesus, e dizem que Jesus vagava por aqui. Em outro momento chamam Cristo de redentor. Dizem que ele é o salvador e que é uma sorte ser tocado por ele. Outros espíritos dizem que não há diabo. Alguns se apresentam como monges e dizem ser católicos.

Algumas vozes segundo Raudive (1968, p. 171, 172) pedem que Deus se lembre de Raudive. Dizem que Deus impede a vontade dos homens. Outras vozes falam sobre trazer ofertas. Alguns sofrem e pedem oração. Eles pedem por si e pelo experimentador. Alguns dizem que são maus e alguns que estão em dívida. Outros espíritos se apresentam como Deus. Outros dizem ser o diabo e alguns dizem que o diabo não existe.

Os espíritos que se dizem serem Deus ou o Diabo, provavelmente estão com perturbação mental, mas isto não atesta contra a coerência e a concordância dos outros espíritos.

Segundo Raudive (1968, p. 173) os mortos dizem acreditar no futuro e pedem que todos creiam. Dizem que o experimentador é amigo. Pedem que as pessoas se curvem diante da nova realidade. Agradecem o experimentador e o chamam de corajoso. Os espíritos pedem misericórdia para com os pobres e insistem que o mais importante é o amor.

“Konstantin mantenha somente o amor!” (Raudive, 1968, p. 173, tradução nossa).

Os relacionamentos dos espíritos com os vivos
A ausência de Raudive e sua influência nos fenômenos


Mesmo sem a presença do Dr. Konstantin Raudive as gravações continuaram ocorrendo, o que desmente a ideia de que todo o fenômeno de gravações de vozes do além dependia de uma suposta mediunidade de Raudive.

Raudive (1968, p. 131, 132) descreve as vozes dos mortos dizendo que elas precisam do experimentador, reclamam por ele não estar por perto, dizem que ele está longe e que precisa construir a ponte.

“Aqui Koste não está”. (Raudive, 1968, p. 132, tradução nossa).

Um espírito aparece sem a cabeça

“Cabeça! Nenhuma cabeça! Konstantin, Konstantin, estou sempre com você”. (Raudive, 1968, p. 102, tradução nossa).

Os espíritos estão dentro do quarto do experimentador

“Estamos aqui no quarto. Deixa Katinka fora!” (Raudive, 1968, p. 148, tradução nossa).

Os espíritos às vezes falam mal do experimentador

Raudive (1968, p. 137) relata comunicações em que os espíritos o chamam de estúpido, preguiçoso, confuso e bêbado.

“Um grande preguiçoso”. (Raudive, 1968, p. 137, tradução nossa).

Os mortos enxergam nossa Lua

Raudive (1968, p. 176) descreve expressões dos mortos em que em que eles pedem a lua, veem que a lua está cheia ou clara, veem o lado oposto dela e querem levá-la.

“A Lua é clara. Aqui está De-eikva”. (Raudive, 1968, p. 176, tradução nossa).

Os mortos fazem pedidos de orações

Segundo Raudive (1968, p. 171) alguns mortos pedem oração e dizem que estão entre os maus. Outros pedem que orem por eles, pois estão sofrendo.

“Por favor, reze pela alma de Margarete”. (Raudive, 1968, p. 70, tradução nossa).

Os mortos fazem pedidos de perdão

“Koste, perdoa, aqui é Grins. Koste, aqui é Grins, perdoa. Letão!” (Raudive, 1968, p. 108, tradução nossa).

Alguns espíritos desejam e pedem água

“Veja Raudive! Por favor, dê água!” (Raudive, 1968, p. 177, tradução nossa).

Alguns espíritos desejam comida

“Dê-me pão!” (Raudive, 1968, p. 177, tradução nossa).

Alguns espíritos desejam bebidas

Segundo Raudive (1968, p. 177, 178) alguns espíritos pedem café, leite, mel, vodca, aguardente, vermute, conhaque, vinho, e licor. Em alguns casos eles citam até as marcas das bebidas.

“Boa Noite a você! Desejo beber seu vinho”. (Raudive, 1968, p. 178, tradução nossa).

Alguns espíritos desejam fumar

Alguns espíritos, segundo Raudive (1968, p. 177, 178) pedem cigarros de tabaco.

“Ai, um cigarro para mim!” (Raudive, 1968, p. 177, tradução nossa).

Alguns espíritos desejam um banheiro aquecido

“Para mim o banheiro! Aqueça o banheiro!” (Raudive, 1968, p. 179, tradução nossa).

O amor

Raudive (1968, p. 174, 175) descreve frases dizendo que o amor é fundamental e que o amor de mãe é o mais importante. Outras pedem que as pessoas orem a Deus e amem. Em outro momento o autor (p. 138) descreve uma voz dizendo que o amor é uma loba.

“Ame, Kosta, a mãe!” (Raudive, 1968, p. 59, tradução nossa).

A ponte entre o mundo espiritual e o mundo físico
A ponte espiritual


Segundo Raudive (1968, p. 183, 184) os mortos afirmam a necessidade de uma ponte espiritual entre os dois mundos e pedem que ela seja construída. Dizem que ela cresce, que funciona, e que está livre e nova. Às vezes dizem que ela está muito distante e que tem neblina. Alguns dizem que a ponte está ausente. Outros falam da existência dos lados da ponte.

“Precisa-se ter a ponte”. (Raudive, 1968, p. 183, tradução nossa).

O controle do acesso dos espíritos à ponte espiritual

Segundo Raudive (1968, p. 185-187) os mortos falam da existência de uma alfândega rigorosa na transição para o outro plano. Na passagem pela alfândega os encarregados perguntam o que o espírito quer. Eles pedem o nome, o cartão de identidade e o passaporte do espírito. Às vezes eles deixam o morto passar e mandam abrir caminho. Alguns pedem para entrar. Outros dizem que é difícil chegar. Alguns pedem que mostrem a passagem. Alguns mencionam sua nacionalidade. Outros são saudados e há aqueles que imploram para passar.

“Alfândega na transição”. (Raudive, 1968, p. 185, tradução nossa).

As descrições do mundo do Além
A felicidade no mundo dos mortos


Segundo Raudive (1968, p. 196) os mortos relatam que estão bem, seu lugar é agradável, estão felizes e que o plano onde estão é muito bom.

“Deus, Konstantin, somos felizes”. (Raudive, 1968, p. 196, tradução nossa).

As cidades, correios, livros, casas, internatos e jardins no Além.

“Cidade dos Mortos”. (Raudive, 1968, p. 198, tradução nossa).

“Onde está o Correio?” (Raudive, 1968, p. 196, tradução nossa).

“O que você está lendo?” (Raudive, 1968, p. 197, tradução nossa).

“Casinha”. (Raudive, 1968, p. 197, tradução nossa).

“Mãe está doente. Aqui está sua sobrinha. Seu internato”. (Raudive, 1968, p. 56, tradução nossa).

“Sua Jeschka. Ore Raudiv! Koste, aqui tem jardins”. (Raudive, 1968, p. 142, tradução nossa).

Os hospitais no mundo dos espíritos

Segundo Raudive (1968), alguns espíritos dizem que chegam doentes, que estão num hospital e dão o nome dos espíritos doentes. Dizem também que estão se recuperando e que as pessoas podem ficar tranquilas.

“Isto é diferente. Nós estamos aqui no hospital. Aqui é uma hora”. (Raudive, 1968, p. 141, tradução nossa).

O trabalho dos espíritos

Raudive (1968, p. 125) relata vozes dos espíritos dizendo que eles trabalham, têm uma profissão e que para alguns o trabalho é difícil. Segundo as vozes os espíritos são trabalhadores. Falam também (p. 196) sobre lavouras de centeio e a preocupação com as cooperativas. Alguns relatam estar em uma liquidação. Outros falam sobre o cuidado com as bétulas.

“Kosti, eles estão juntos na liquidação. Aqui está o pacote oficial”. (Raudive, 1968, p. 199, tradução nossa).

O espírito e seus hábitos

Alguns espíritos segundo Raudive (1968, p. 196, 197) dizem que há bebida e cigarros no Além.

Outros falam sobre pão e café:

“Agora há pão, “Raudê”, café”. (Raudive, 1968, p. 199, tradução nossa).

As crianças no mundo espiritual

“A criança, a criança fora!” (Raudive, 1968, p. 199, tradução nossa).

O tempo

Segundo Raudive (1968, p. 198) os espíritos perguntam as horas, dizem que não há relógio, dizem as horas e falam sobre seus momentos.

Às vezes, porém, dizem que o tempo não existe no plano espiritual:

“Aqui não há tempo”. (Raudive, 1968, p. 180, tradução nossa).

A nacionalidade no Além

“Sou letão”. (Raudive, 1968, p. 186, tradução nossa).

A religião

“Kosti, comemora-se o Domingo”. (Raudive, 1968, p. 197, tradução nossa).

Os mortos também dormem

Alguns espíritos segundo Raudive (1968) dizem que os mortos dormem. Alguns dizem que estão dormindo naquele momento. Ficam incomodados se alguém perturba seu sono. Dizem que estão cansados à noite. Dão o nome de espíritos que estão dormindo em algum momento. E há comunicações que mostram os espíritos sendo despertados.

“Eu durmo, o que você quer?” (Raudive, 1968, p. 106, tradução nossa).

As roupas e a falta de roupas no mundo espiritual

Raudive (1968) relata comunicações em que os espíritos falam sobre corpetes, casacos, camisas, calças e vestidos. Eles perguntam o que vão vestir. Alguns dizem que estão nus.

“Aqui está uma camisa”. (Raudive, 1968, p. 311, tradução nossa).

O dinheiro e a falta de dinheiro no mundo espiritual

Alguns espíritos segundo Raudive (1968) dizem que no plano espiritual o dinheiro não tem sentido. Outros (p. 179), pedem para fazer um cheque. Alguns falam da falta de dinheiro.

“Raudive, aqui o dinheiro não tem sentido. Raudive aqui sobra”. (Raudive, 1968, p. 131, tradução nossa).

Alguns espíritos estão em situação de sofrimento

Raudive (1968, p. 199, 200) apresenta várias comunicações onde alguns espíritos dizem que estão sofrendo. Dizem que há punições onde eles vivem. Alguns chamam a si próprios de ladrões, mentirosos e diabos. Outros dizem que lá a vida é ruim, difícil e rigorosa. Alguns reclamam de fome.

Alguns espíritos de acordo com Raudive (1968) chamam a si próprios de criminosos e canalhas.

Alguns segundo Raudive (1968, p. 201-203) pedem ajuda e dizem que são escravos. Outros mencionam a iminência de um ataque. Alguns temem um suposto diabo.

“Ai, aqui são punições”. (Raudive, 1968, p. 200, tradução nossa).

O suicídio: Wickberg suicidou-se, jogando-se de uma ponte

Raudive (1968, p. 290) relata algumas comunicações em que o espírito Wickberg diz que vai para a ponte e em seguida diz que está no cemitério.

Depois ele diz que está na ponte:

“Aqui sobre a ponte!” (Raudive, 1968, p. 290, tradução nossa).

Os veículos do mundo espiritual e suas viagens

Raudive (1968, p. 203-205) mostra várias passagens em que os espíritos dizem estar viajando. Eles dizem que possuem uma nave espacial chamada de “Susa-Bus”. Em um momento afirmam sobrevoar a Holanda. A Holanda está fria, segundo eles. Não dá para aterrissar, então. De vez em quando mandam parar. Pedem que alguém dirija. Sobrevoa-se, depois, Estocolmo e Paris. Dizem que está escuro e pedem para iluminar. Mandam colocar o boné. Dão adeus. Parece que estão com pressa.

“Kostuli, Kostuli, voamos sobre a Holanda. Holanda é, porém, provisoriamente fria. Não é bom aterrissar”. (Raudive, 1968, p. 204, tradução nossa).

Segundo Raudive (1968, p. 206, 207) os espíritos mandam o piloto “Popa” correr. Fala-se em dar um giro. Há menções sobre bombardeio. Eles pedem para o piloto ir mais rápido. Já estão na nona rampa. Alguém está vendo o mar. Um manda o outro levar o túmulo. Fala-se que está nevando. Pedem para diminuir a obstrução e avançar. Estão sobre o Tibet. Estão usando binóculos para ver o Tibet. Pedem para parar e embarcar um letão. Outros pedem para buzinar e apitar. Alguns parecem estar indo para Riga.

Os viajantes espirituais, segundo Raudive (1968, p. 208, 209), falam sobre a cidade de Uppsala. Vão ser bem recebidos lá. Pergunta-se a um espírito onde ele mora. Alguém fala que chegaram a Märsta, uma estação. Alguém, depois, avista Jelgava.

Os espíritos também falam, segundo Raudive (1968, p. 330), sobre um navio espiritual e seu capitão.

As questões técnicas
A transmissão das vozes a partir do mundo espiritual


Raudive (1968, p. 215, 216) descreve algumas comunicações onde se diz que há técnicos no mundo espiritual, os quais tomam decisões. Dizem que a técnica é importante. Pedem para ajustar. Reclamam que está abaixo do tom. Reclamam que alguém comanda mal. Fala-se sobre bandas e canais. Depois, fala-se que o movimento está indo bem e com acertos.

“A decisão é trazida pelos técnicos para distribuição”. (Raudive, 1968, p. 215, tradução nossa).

O radar

Em alguns casos (Raudive, 1968, p. 219), pode-se considerar o experimentador como sendo o Radar, no sentido de que o ser encarnado estabelece a conexão necessária para a ocorrência das gravações. Porém, isto é diferente da mediunidade como ela é conhecida. Isto quer dizer que os experimentadores não são, necessariamente, dotados de faculdades psicocinéticas.

“Você mesmo é radar”. (Raudive, 1968, p. 219, tradução nossa).

O uso do rádio na recepção das vozes

É importante enfatizar que as vozes que se manifestam nos gravadores não são simples captações de emissoras de rádio terrestres. A prova disto é que todas as frases contém uma modificação do nome de Konstantin. Qual emissora comum pronunciaria o nome Kosti o tempo todo? Além disso, as frases são compostas de vários diferentes idiomas.

Segundo Raudive (1968, p. 217-219), os espíritos pedem o rádio e dizem que é melhor através dele. Pedem para que o experimentador se mantenha em uma estação. Eles mandam esperar. Alguns tentam fazer contato.

“Através do rádio aceitamos. Aqui é técnica. O favorito Konstantin!” (Raudive, 1968, p. 217, tradução nossa).

As estações de rádio do Além

Os espíritos falam, segundo Raudive (1968, p. 220-222), de várias estações transmissoras no Além. Algumas das estações mencionadas é “Estúdio Kelpe” e “Rádio Peter”. Os espíritos de cada estação tentam convencer o experimentador a escolher um dos estúdios.

“Konstantin, nós queremos ajudá-lo. Rádio Peter”. (Raudive, 1968, p. 221, tradução nossa).

Menciona-se também, segundo Raudive (1968, p. 224, 225), outras estações como “Kegele”, “Väsa-Netz”, “Ponte Goethe” e “Sigtuna”.



Referências

Raudive, Konstantin. Unhörbares Wird Hörbar: auf den Spuren einer Geisterwelt. Otto Reichl Verlag, Remagen, 1968.