sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O Nascimento da Moderna Transcomunicação Instrumental


por Herley Leite de Paula e Silva

Introdução
 
A Transcomunicação Instrumental é a comunicação dos espíritos dos mortos com os vivos através de aparelhos eletrônicos.

Houve tentativas, em muitas épocas, de se obter uma comunicação paranormal por meios técnicos. No século XX tivemos as experiências de Attila Von Szalay, um fotógrafo profissional norte-americano.

Porém, o que marca realmente o nascimento da moderna Transcomunicação instrumental são as experiências de Friedrich Juergenson, um cineasta sueco.

As primeiras experiências de Friedrich Juergenson
 
Juergenson (1972, p. 06-08) faz sua narrativa de como gravou as vozes dos mortos. Era primavera em Estocolmo. Em 12 de junho de 1959, Friedrich Juergenson e sua esposa vão para o campo. Ele aproveita para levar seu gravador, com o objetivo de gravar o canto dos pássaros. Chegando ao sítio, de sua propriedade, ele se dirige a uma cabana junto a um lago. No sótão da cabana, Juergenson coloca um gravador com uma fita virgem. Quando um tentilhão de faia pousa ali perto ele liga o gravador. Após alguns minutos, ele examina a gravação e escuta um barulho vibrante, junto com o som do pássaro cantando bem longe. Ele liga novamente a fita. De novo o estranho zunido, com o distante canto dos pássaros ao fundo. De repente, na fita, aparece o som de um solo de clarim. Logo, uma voz de homem começa a falar em norueguês. Ele pensou que se tratava de alguma rádio norueguesa. Mas não havia nenhum rádio ligado ali perto.

Friedrich Juergenson escreveu um livro, que foi traduzido para o português com o título “Telefone para o Além”.

Vamos agora analisar alguns pontos da transcomunicação instrumental. Começaremos entendendo como os espíritos dos mortos efetuam as gravações. Em seguida vamos esclarecer algumas críticas feitas pelos céticos sobre a audibilidade das vozes e sobre a possibilidade de elas serem obra do inconsciente. Será necessário, também, examinar algumas descrições do mundo dos espíritos, mais precisamente das regiões inferiores, que os mortos forneceram. A seguir, vamos tratar do nível de conhecimento revelado pelos mortos, seu estado de espírito e seus sentimentos. Finalmente, veremos a relação entre a transcomunicação e a questão da reencarnação.

As interferências em emissoras de rádio
 
Vamos iniciar examinando como os espíritos dos mortos efetuam as gravações.

Segundo Juergenson (1972, p. 105) as gravações se tratam de vozes de espíritos de falecidos, que voluntariamente buscam entrar em contato com o nosso plano de existência. Para isto os habitantes do mundo espiritual utilizam uma instalação especial e usam uma frequência eletromagnética. Com essa onda eles interferem nas transmissões de nossas estações de rádio. Os contatos dos mortos com a nossa dimensão terrestre estariam sob o comando de uma estação central. Alguns colaboradores do Além permutam palavras de uma transmissão de rádio e outros introduzem novos textos em outras apresentações. Esse conteúdo, então, passava do rádio para o gravador de Juergenson. Já as ondas da estação central, existente no Além, podem ser ouvidas em qualquer parte do mundo.

Ainda segundo Juergenson (1972, p. 106), as ondas da estação central podem se infiltrar em ondas de qualquer emissora de rádio. Num programa de músicas, numa transmissão de rádio, as vozes dos mortos frequentemente apareciam perceptíveis no fundo. As comunicações do além, ainda que tenham um som baixo, podem se tornar ensurdecedoras se a estação central assim o desejar. Juergenson recebeu algumas comunicações com um volume muito alto.

A refutação da explicação pelo inconsciente
 
Vejamos agora as críticas feitas pelos céticos sobre a audibilidade das vozes e sobre a possibilidade de elas serem obra do inconsciente.

De acordo com Juergenson (1972, p. 110), as vozes poderiam ser fruto da imaginação se fossem expressões fracas. Durante a audição de seis mil gravações Juergenson se enganou na interpretação de algumas vozes.
Porém, descontando as gravações de difícil compreensão, ainda resta um terço de gravações muito claras que não deixam qualquer margem de dúvida. Qualquer pessoa poderia entender essas comunicações. Juergenson fez um teste pedindo que vários ouvintes tentassem entender muitas das gravações. Como resultado, oitenta por cento dos indivíduos conseguiram ouvir e entender as vozes.

Juergenson (1972, p. 112) afirma que, se seu subconsciente pudesse produzir as vozes dos mortos, ele seria o maior dos gênios. Com seu inconsciente ele poderia gerar uma estação de rádio com sons, músicas e discursos, imitando várias línguas. Além disso, também imitaria as vozes de homens, mulheres, crianças e idosos, inclusive de pessoas que ele nunca conheceu. E o mais incrível é que o inconsciente de Juergenson poderia pegar as ondas das transmissões de qualquer estação de rádio, interferir nelas e modificá-las para produzir outros programas. Seria um milagre que nem a mais poderosa emissora poderia realizar.

Juergenson (1972, p. 113, 114) continua dizendo que os espíritos dos mortos, levando em conta nossa descrença, criaram um meio de comunicação diferente de qualquer transmissão de rádio. Para isto eles introduzem nas gravações palavras de diversas línguas, as quais não poderiam ter sido ditas pelos participantes do programa de rádio.
Em nenhuma estação radiofônica um cantor ou locutor usaria tantos idiomas misturados e ao mesmo tempo. Se os mortos falassem apenas as línguas dos ouvintes ficaria mais difícil provar que as vozes vêm de outro plano.

As cavernas, o sono e os pesadelos infernais
 
Vamos ver agora uma descrição do mundo dos espíritos, mais precisamente das regiões inferiores, que os mortos forneceram através das gravações.

Diz Juergenson (1972, p. 80, 81) que os espíritos lhe deram uma boa descrição do outro plano. O local descrito continha diversos estados de consciência.
No plano inferior havia as terríveis deformações do caráter humano. Essas deformidades seriam causadas pela crueldade, que teria o poder de plasmar um cenário com a matéria sutil do mundo espiritual. Esses locais criados seriam parecidos com Cavernas.
Os pensamentos negativos como o medo e o ódio formariam, com a energia sutil, imagens correspondentes a essas emoções. E a formação de todo esse cenário e dessas imagens se daria de modo inconsciente.
Os candidatos a entrar nessas formações astrais parecidas com cavernas, que existem no outro plano, seriam os criminosos e os indivíduos que sofreram pena de morte.
Disseram os espíritos a Juergenson que as ondas de rádio têm um efeito positivo para as almas que habitam as regiões inferiores do plano espiritual. E uma equipe de espíritos conseguiu desenvolver uma onda que atuava de modo mais eficiente com as almas negativas.
Essa ação tem a finalidade de despertar os espíritos adormecidos, pois os mortos das regiões inferiores estão imersos num sono profundo. Aqueles que sofreram morte violenta são os que mais caem nessa situação de sono. E além de estarem adormecidos, os espíritos negativos sofrem com pesadelos. Esses sonhos são vívidos porque são projetados com a matéria sutil do mundo espiritual, o que dá uma ilusão de realidade. O despertamento, então, visa a tirar as almas de seus pesadelos.
Após o despertar, os espíritos vão para planos superiores.

O conhecimento demonstrado pelos mortos
 
Vamos tratar, agora, do nível de conhecimento revelado pelos mortos, seu estado de espírito e seus sentimentos.

Diz Juergenson (1972, p. 132) que as pessoas não se tornam santas e puras após a morte. Uma das explicações para a transformação mental dos espíritos é que eles não sofrem mais com problemas físicos. E também agora eles são dotados da percepção direta, livre do tempo e do espaço.
Os mortos compreendem a causalidade de todas as coisas como um evento simultâneo. É possível para eles ver através dos equívocos das ideologias, sejam elas religiosas, políticas ou científicas. Os mortos sabem o suficiente e conhecem bem os motivos da morte. Eles sabem que os seres humanos se matam através de lutas de diversos tipos e também se destroem através da bebida, de outros vícios e do excesso de alimento.

Afirma Juergenson (1972, p. 129, 130) que, embora às vezes os discursos dos espíritos pareçam esquisitos, há um sentido por trás do que eles dizem. Os mortos são muito francos no modo como expressam suas emoções. Podemos ver o Além como o plano do inconsciente coletivo onde todos os sentimentos são livres. É a dimensão da emoção e da imaginação. Tudo, no Além, é muito rápido e muda constantemente. Por exemplo, a linguagem pode mudar para uma mistura de idiomas dos diversos países. Após a morte não há mais diferença de línguas, classes ou raças.
Embora os discursos dos mortos sejam estranhos, eles têm sua lógica. É uma linguagem muito acima dos limites do cérebro humano, que procura dizer a verdade.

O estado de espírito e os sentimentos dos mortos
 
Afirma Juergenson (1972, p. 131, 132) que no mundo espiritual há uma reconciliação entre os executores e suas vítimas. Isto mostra que é possível se chegar a uma união da humanidade. Os mortos entendiam as causas de tudo e compreendiam a vida e a morte.

Diz Juergenson (1972, p. 232) que os espíritos leem nossa mente, embora isso não seja desconfortável. Na verdade a sensação de sermos abertos nos deixa livres. Embora os mortos saibam de nossos defeitos eles não os criticam. Porém eles não apoiam nossos erros e não são manipulados ou levados a agir contra suas intenções.

Segundo Juergenson (1972, p. 228, 229) os espíritos não nos darão sermões edificantes. Existe já há muito tempo diversos discursos sobre amor, liberdade e justiça. Não importa se a falha foi nossa ou de nossas doutrinas. A realidade é que trouxemos a miséria e o mundo e o deixamos à beira da destruição atômica.
Então, não peçamos aos mortos discursos políticos, éticos ou filosóficos, pois eles não têm muito sentido no plano espiritual.
Caso queiramos entender a fala despretensiosa dos mortos devemos deixar de lado o intelectualismo, o orgulho e a indiferença.
O discurso dos espíritos é a linguagem imaginativa do subconsciente. Ela não se prende a regras, estilos e afetações e sempre diz a verdade.
Sua linguagem é como a das crianças, que não conhecem a hipocrisia. Nesse sentido, as crianças constituem modelos para nós, na medida em que são livres.

Afirma Juergenson (1972, p. 130) que a natureza humana é atraída para a alegria e não para a tristeza. Assim, no plano espiritual domina a alegria e a informalidade. A existência lá é espontânea e leva a uma emoção vibrante como a das crianças. Ao passo que os seres encarnados podem dissimular os sentimentos sob a matéria, a densidade mais sutil dos mortos revela tudo o que pensam e sentem. E eles não precisam de palavras para se comunicar. É como se eles estivessem nus. E essa nudez espiritual impede qualquer dissimulação, levando a relacionamentos mais espontâneos, em que nada é escondido.

A reencarnação
 
Finalmente, vejamos a relação entre a transcomunicação e a questão da reencarnação.

Diz Juergenson (1972, p. 109, 110) que os estudos do Dr. Björkhem, da Suécia, ajudam a esclarecer a questão da reencarnação. Essa teoria antiga, mas esquecida devido ao dogmatismo religioso e ao materialismo, deve ser novamente considerada em vista das novas evidências científicas. Uma evidência da reencarnação é o caso de Shanti Devi, que recordou uma vida passada. Os estudos de C. G. Jung, Dr. Björkhem e Oliver Lodge, no campo parapsicológico, se comparam aos trabalhos de Einstein e Max Planck na área da Física.

Assim, termino esta análise, esperando que o leitor obtenha um conhecimento inicial sobre esse novo ramo do conhecimento que é a Transcomunicação Instrumental. E que este texto sirva de incentivo para que as pessoas façam novas leituras sobre o assunto.


Referências

Juergenson, Friedrich. Telefone para o Além. Tradução de Else Kohlbach. Editora Civilização Brasileira S.A. Rio de Janeiro, 1972.