por Herley Leite de Paula e Silva
Neste trabalho o termo cultura se refere a toda criatividade humana nos diversos campos e contextos da existência.
A cultura humana se desenvolve na espiritualidade, na filosofia, na religião, na ética, na ciência, na tecnologia, na economia, na política, nas relações sociais, no direito, na arte, na literatura e nos costumes. A humanidade tem a possibilidade de se desenvolver em todos estes pontos.
Nenhum elemento, setor ou fator da cultura é mais importante do que o outro. A ciência, a tecnologia e a economia não são mais importantes do que a religião, a filosofia e o direito.
O desenvolvimento humano não abrange apenas o aspecto econômico e social, mas inclui todas as dimensões culturais e espirituais da vida humana.
Acredito que os seres conscientes têm a possibilidade de se desenvolver na espiritualidade, na ciência e no respeito aos direitos humanos. O ser humano tem potencial para acumular conhecimento científico e desenvolver competências superiores.
O desenvolvimento total não ocorre em apenas um único povo, de modo que este se torne modelo para os outros. O desenvolvimento é uma construção conjunta de todos os povos.
A humanidade vai se unir cada vez mais, porém, isto não significa, segundo Linton (2000, p. 60), que o mundo terá a mesma língua, religião, arte, arquitetura, economia e mesmo vestuário. A união e o desenvolvimento incluem também o respeito e a valorização da diversidade. A diversidade cultural é valorizada, mas deve se harmonizar com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (Ministério da Justiça, 2013), e com os imperativos do desenvolvimento humano.
Unidade da consciência
Existem muitas evidências da unidade da consciência humana. São elas a unidade psíquica humana, a solidariedade universal, a tendência ao aperfeiçoamento, as faculdades psíquicas e a semelhança no desenvolvimento das culturas.
A unidade psíquica humana
Nossas almas são interligadas e possuem a mesma natureza fundamental da consciência, com o qual buscam se identificar. E esta unidade se revela também na cultura. De acordo com Pelto (1984, p. 94), existe uma extraordinária semelhança de culturas muito distantes no espaço e no tempo, o que comprova a unidade da mente humana. Segundo Pelto (1984, p. 77), a existência de elementos culturais muito antigos (como os mitos) e mundiais em nossa cultura comprova nossa unicidade. Há uma grande quantidade de padrões que aparecem em todas as culturas, como por exemplo, a convicção na Divindade e na religião, a família, o estado, o trabalho intelectual e material, a justiça e os códigos orais e escritos de direitos e deveres.
A solidariedade universal
A solidariedade universal
Em todo o Universo os seres que habitam as diversas dimensões tendem a manter uma conexão e uma interdependência, que constitui a solidariedade universal.
O aperfeiçoamento
O aperfeiçoamento
De acordo com Linton (2000, p. 93-96), a tendência ao aperfeiçoamento consiste no melhoramento, por parte do ser humano, das técnicas e conhecimentos, mesmo quando não há uma necessidade prática. Neste caso, podem-se mencionar também os sonhos e utopias que buscam uma vida melhor.
As faculdades psíquicas normais e paranormais
As faculdades psíquicas normais e paranormais
Todas as pessoas e povos têm as capacidades da razão e do livre-arbítrio que exploram as possibilidades, buscam a perfeição e recusam o determinismo. Tais são as capacidades psíquicas da consciência. E há também as faculdades paranormais. Essas capacidades se encontram em toda a humanidade e são elas a telepatia, a clarividência, a mediunidade e algumas capacidades que só funcionam numa vida espiritual após a morte física.
A semelhança no desenvolvimento das culturas
A semelhança no desenvolvimento das culturas
Segundo Pelto (1984, p. 94), se compararmos os astecas e os egípcios, encontraremos muita similaridade em seu desenvolvimento, como por exemplo, na escrita, nas ciências, nas classes sociais e nos grandes projetos arquitetônicos como as pirâmides. A difusão cultural, sem dúvida, explica boa parte dessas semelhanças, mas não no caso de culturas muito distantes. Também se deve levar em conta que um povo só aceita um elemento cultural de outra cultura se puder enquadrá-lo em seu próprio contexto de desenvolvimento. Ademais, a difusão cultural é uma das formas pelas quais se dá o desenvolvimento cultural. A grande semelhança no desenvolvimento das culturas se deve, em grande parte, a uma comunicação quântica não-local e não-temporal entre elas.
Para explicar todas essas evidências devem-se considerar as potencialidades provindas da consciência, as faculdades paranormais, a correlação não-local e os padrões psíquicos e sociais desenvolvidos no espírito pelo crescimento espiritual.
Para explicar todas essas evidências devem-se considerar as potencialidades provindas da consciência, as faculdades paranormais, a correlação não-local e os padrões psíquicos e sociais desenvolvidos no espírito pelo crescimento espiritual.
A humanidade possui uma unidade psíquica, as mesmas capacidades fundamentais e as mesmas potencialidades para adquirir conhecimento; também possui basicamente os mesmos padrões de emoção, sentimento e senso moral, que foram desenvolvidos durante a transformação do antropoide em homem.
A espécie humana é uma só. É natural, então, com o tempo, que desenvolva culturas convergentes e ao mesmo tempo diversificadas.
Como as semelhanças entre as culturas são gerais e não exatas, nenhum povo serve de modelo para outro. Com o desenvolvimento multilinear, as várias culturas continuam tendo características diferentes, observando-se os direitos humanos universais.
Os fatores do desenvolvimento humano
Os fatores do desenvolvimento humano são os impulsos oriundos da consciência, a existência do espírito, a liberdade, os potenciais psíquicos, o tempo, a igualdade e a justiça, a solidariedade humana, os fatores geográficos, a invenção, a educação, o trabalho, as faculdades paranormais, o contato e as novas necessidades.
Os impulsos da consciência
A consciência impulsiona o desenvolvimento biológico, cultural e espiritual, inspirando o inconsciente de cada ser vivo. O desenvolvimento cultural multilinear era previsível devido às qualidades essenciais e potenciais da consciência.
A existência do espírito
A existência do espírito
A alma encarnada ou consciência condicionada, como sujeito da evolução biológica e mental, leva ao desenvolvimento humano. Sua natureza é a de uma entidade indivisível, intemporal e imaterial. Ela experimenta a autoconsciência e todos os outros processos mentais, manifesta as potencialidades mentais, passa por um processo de evolução biológica e espiritual e sobrevive à morte do corpo físico. Ela também designa (colapsa) as ondas de possibilidade quânticas da matéria e lhe comunica suas informações.
A liberdade
A autoconsciência e o livre-arbítrio dos seres conscientes lhes permitem escolher entre as diversas possibilidades oferecidas pelos numerosos fatores. De que serviriam essas habilidades se fosse para o ser humano viver petrificado em um único ponto?
Os potenciais psíquicos
Os potenciais psíquicos
As potencialidades mentais do inconsciente (coletivo e individual) têm uma capacidade indefinida de desenvolvimento. Suas potencialidades mentais vêm da consciência primordial.
O tempo
O tempo
Sem o tempo não haveria transformações culturais, uma vez que não haveria sucessão nem mudança. O tempo é uma quarta dimensão da realidade.
A não-localidade
A não-localidade
A conexão não-local conecta almas em famílias, clãs, tribos, nações e na humanidade como um todo. Neste caso, os semelhantes se atraem e isto tem muito peso no desenvolvimento humano. Os conhecimentos que trazemos contribuem para o crescimento individual e geral.
A igualdade e a justiça
A igualdade e a justiça
É preciso que haja igualdade e a justiça no desenvolvimento humano. Segundo Kardec (2002, p. 264-266), seria injusto que alguns povos fossem privados dos benefícios e das realizações do bem-estar social e espiritual. Do mesmo modo seria uma injustiça se qualquer ser vivo fosse privado do desenvolvimento.
A solidariedade humana
A solidariedade humana
De acordo com Pinker (2004, p. 233, 234), existe uma tendência à ampliação do círculo da solidariedade humana que vai da família para a tribo, desta para a nação e finalmente para toda a humanidade; a ampliação solidária também se estende aos pobres, às mulheres, às crianças, às etnias, aos homossexuais e aos portadores de deficiências.
Os desafios
Os desafios
Segundo Burns (2005, p. 16), condições adversas como regiões desérticas, solos pobres, florestas densas, períodos de seca, fome e mesmo derrota em guerras constituem um incentivo à capacidade criativa dos povos.
A invenção
A invenção
Importante é a capacidade criativa do ser humano que se dá tanto por um reencontro com o passado, como por um impulso ou uma necessidade. Isto enriquece a cultura.
A educação
A educação
Ela faz desabrochar as potencialidades do indivíduo e ajuda na aquisição do saber acumulado pela humanidade.
O trabalho
O trabalho
É pelo trabalho espiritual, intelectual, econômico, técnico e artístico que o ser humano promove seu crescimento. Todas as formas de trabalho colaboram em conjunto para o desenvolvimento.
As faculdades paranormais
As faculdades paranormais
Graças à nossa consciência, a humanidade tem uma capacidade de se comunicar de forma paranormal, isto é, sem depender do espaço e do tempo. Isto ocorre porque a não-localidade quântica interliga todos os sujeitos e povos. Assim, é favorecida a troca de informações pela telepatia, pela comunhão mental e pela mediunidade que nos põe em contato com os espíritos dos vivos e dos mortos. Algumas capacidades paranormais só funcionam numa vida após a morte. Qual seria a função desses atributos superiores se fôssemos destinados só a esta vida material terrestre e sem desenvolvimento?
O contato
O contato
Tudo o que foi falado até agora representa o contato. A memória é o contato com o passado, a educação familiar e escolar é o contato entre gerações e a telepatia permite o contato mental entre as almas. A mediunidade permite a comunicação com os espíritos dos que já morreram. E há outras formas como as amizades, a interação dentro dos diversos grupos sociais, o trabalho em geral, as migrações, o comércio, o turismo e as comunicações (em especial a TV e a Internet).
As novas necessidades
As novas necessidades
A cultura também muda à medida que surgem novas necessidades impostas por mudanças no ambiente natural e social, pelo aumento da população, por doenças e pelos contatos com outras culturas. Porém, de acordo com Linton (2000, p. 93-96), o povo muda culturalmente mesmo sem a intensificação das necessidades, se bem que mais lentamente.
Referências
Burns, Edward Mcnall; Lerner, Robert E. Meacham, Standish. História da Civilização Ocidental, vol. I; São Paulo: Globo, 2005.
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos: Filosofia Espiritualista; Tradução: José Herculano Pires. São Paulo. LAKE, 2002.
Linton, Ralph. O Homem: uma introdução à antropologia; São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Pelto, Pertti J. Iniciação ao Estudo da Antropologia; Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1984.
Pinker, Steven. Tabula Rasa; São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Site: Ministério da Justiça. Declaração Universal dos Direitos Humanos. (Acesso em 2013).
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
Burns, Edward Mcnall; Lerner, Robert E. Meacham, Standish. História da Civilização Ocidental, vol. I; São Paulo: Globo, 2005.
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos: Filosofia Espiritualista; Tradução: José Herculano Pires. São Paulo. LAKE, 2002.
Linton, Ralph. O Homem: uma introdução à antropologia; São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Pelto, Pertti J. Iniciação ao Estudo da Antropologia; Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1984.
Pinker, Steven. Tabula Rasa; São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Site: Ministério da Justiça. Declaração Universal dos Direitos Humanos. (Acesso em 2013).
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm